Projeto de Sebastião Salgado recupera nascentes no ES e em MG

Projeto de Sebastião Salgado recupera nascentes no ES e em MG
'Olhos D'água' é de instituto que pertence ao fotógrafo brasileiro.
Ideia é incentivar o reflorestamento e promover recuperação da água.
Mário Bonela e Naiara Arpini
Do G1ES e da TV Gazeta


Em meio à crise hídrica enfrentada pelo Espírito Santo, um projeto ambiental incentiva agricultores a adotarem medidas que ajudam a recuperar nascentes às margens no Rio Doce. A iniciativa faz parte do projeto Olhos D’água, do Instituto Terra, do fotógrafo Sebastião Salgado. A ideia surgiu após o fotógrafo recuperar uma área de Mata Atlântica e, por consequência, ver nascentes sendo recuperadas. Agora, o instituto espalha o conhecimento, fornece materiais e financia o projeto para toda a bacia do Rio Doce.

O trabalho de recuperação das nascentes promovido pelo instituto começou em uma fazenda onde anos atrás a mata não existia.  Há 16 anos, só tinha pasto no local. Agora, após as mudanças, são 700 hectares de Mata Atlântica.

O local fica em Aimorés, perto da divisa do Espírito Santo com Minas Gerais, onde foi criado o fotógrafo Sebastião Salgado. Ele já viajou o mundo inteiro fotografando e, quando voltou, comprou a fazenda do pai. Junto com a esposa, decidiu reflorestar o local. Eles ganharam árvores, construíram um viveiro de mudas e ficaram surpresos quando perceberam que junto com a mata, as nascentes renasceram.

“Quando eu passei na estrada, estava tudo molhado. Aí eu fiquei ‘que água é essa que está saindo?’. Eu parei o carro e fui ver. Tinha uma nascentezinha começando a sair, um olho d’água jorrando, uma emoção enorme, um milagre”, lembrou a esposa de Sebastião Salgado, a arquiteta Lélia Salgado.

Sebastião explica: “É fácil a gente compreender isso. As árvores são o cabelo da terra. Quando uma pessoa lava a cabeça e não usa um secador de cabelo, leva de duas a três horas para secar o cabelo. Uma pessoa como eu, que não tem cabelo, toma banho e a cabeça já está seca. Quando você não tem árvores, é a mesma coisa”.

A ideia, então, foi levar o que funcionou na fazenda deles para os pequenos produtores. E assim surgiu o projeto Olhos D’água, que quer salvar todas as 370 mil nascentes da Bacia do Rio Doce. É um projeto para longo prazo.

Um dos beneficiados pelo projeto, seu Idário, não sofreu muito com a seca. A nascente da fazenda dele, que fica em Baixo Guandu, está cercada com arame, o gado não chega perto, e tem árvores em volta. A madeira, o arame usado para fazer a cerca e as mudas de árvore, foram todas cedidas pelo projeto. Em troca, ele só precisa proteger a nascente.

Com todo esse cuidado, lá, a água não faltou. “Muito melhor. Eu tenho plantio, tenho poço de peixe, e quase tudo é tirado das minhas nascentes. Se não tivesse a nascente, eu estaria morto, porque onde não tem água não tem vida”, disse Idário. Até agora, mais de 1200 já estão protegidas com esse tipo de intervenção.

Para garantir o futuro do projeto, jovens técnicos agrícolas fazem um curso de reflorestamento dentro do Instituto Terra. Eles têm a missão de continuar visitando os agricultores e recuperando nascentes. Sebastião Salgado costuma visitar os agricultores que aderiram ao projeto. E isso dá a ele a certeza de que é possível salvar o rio.

“Sem o produtor rural não existe recuperação de nascente no Brasil. O produtor é o primeiro aliado do instituto. Uma pequena nascente, pequena quantidade de água junto com dezenas de milhares de outras vão fazer o rio Doce”, disse Sebastião Salgado.

Para recuperar o rio, o Instituto Terra arrecada recursos com empresas, alguns órgão públicos e investidores individuais. O custo total para salvar todas as nascentes fica em torno de R$ 5 bilhões. Para Sebastião Salgado, dinheiro tem, a questão é saber como ele é aplicado.

Fonte: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2015/03/projeto-de-sebastiao-salgado-recupera-nascentes-no-es-e-em-mg.html?fbclid=IwAR2PLJ4nZvussfzr9ly3yNpB9pEz7GSQN419BaRhn49v14KwsqgEZIssohw

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