Hortas comunitárias resistem à urbanização na maior metrópole do Brasil
Em São Paulo, as iniciativas periféricas trazem novas perspectivas de vida aos agricultores urbanos, homens e mulheres que vivem em condições de vulnerabilidade social.
Publicado: 05/11/2021 Atualizado: 08/11/2021 as 15:46
Por: Antonio Carlos Quinto, Ivanir Ferreira e Bruna Irala
Arte: Moisés Dorado/Jornal da USP
Do plantio ao prato, seja em um restaurante ou em qualquer residência na cidade de São Paulo, os legumes e as hortaliças passam por um longo caminho. São produzidos, em grande parte, em municípios próximos à capital, como Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Suzano, na região leste, e Ibiúna, Itapetininga, Piedade do Sul e Sorocaba, na região oeste, formando o Cinturão Verde. Essa produção é encaminhada à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Zona Oeste da cidade, que comercializa os alimentos junto a feirantes e comerciantes em geral. Nesse trajeto, os preços vão aumentando a cada etapa, ainda mais se existirem outros atravessadores e intermediários.
Além desta produção, há na capital paulista iniciativas de plantio de legumes e hortaliças nas chamadas “hortas comunitárias”. Nestes casos, o trajeto do plantio ao consumo é mais curto.
A USP vem atuando nesse caminho auxiliando estas iniciativas com pesquisas e estudos que permitem viabilizar novos empreendimentos ou incentivar os já existentes. Estes locais acabam se tornando campos férteis para a Universidade desenvolver estudos e experimentos em educação e segurança alimentar, cultivos de ervas medicinais e geração de conhecimento.
Estas “hortas comunitárias” vão surgindo cada vez mais nesta São Paulo que é a maior metrópole brasileira, com cerca de 12,3 milhões segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021 – distribuídos numa área de 1.521 quilômetros quadrados (km²). Elas brotam em cantos cinzentos das regiões centrais da cidade ou em pedaços de chão esquecidos nas periferias.
Não se sabe ao certo quantas são, mas já passam de centenas, algumas com um caráter mais social de produzir alimentos saudáveis e gerar renda para quem há muito já foi esquecido pelo mercado de trabalho, ou como mote de sobrevivência contra desigualdades estruturais. E outras, instaladas em bairros de classe média, possuem um valor mais simbólico de resistência à frenética urbanização da cidade e mostram uma nova relação de consumo com o alimento.
De acordo com informações da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, da Prefeitura de São Paulo, a plataforma Sampa+rural, que reúne iniciativas de agricultura, turismo e alimentação saudável, registra atualmente 103 hortas urbanas na capital paulista. No site da plataforma é possível visualizar a localização das hortas espalhadas pela cidade.
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